O
Iraque é um país situado no Oriente Médio, na antiga Mesopotâmia,
que desde sua mais remota existência foi motivo de disputas e
invasões dada sua privilegiada condição geográfica. Situado entre
os rios Tigre e Eufrates, dispunha de terras muito férteis e,
portanto alvo de desejo dos povos antigos. Essa condição fez com
que o país se acostumasse e se mantivesse sempre em alerta para os
possíveis ataques e invasões que eram bastante comuns. Sua
população é composta por persas e sumérios e a partir do século
16 o Império Otomano domina a região até a primeira guerra
mundial.
Dito
isto, vamos situar as observações na segunda metade do século XX,
o Iraque conseguiu estabelecer sua república de regime
parlamentarista em 1958 após a segunda guerra mundial e esta se
manteve até o golpe militar de 1979. O país se tornou o resultado
da fragmentação do império otomano e por isso a população era
fragmentada e praticava diferentes religiões e costumes,
predominantemente árabe e curdo. A população iraquiana,
posteriormente, vive uma realidade dividida entre grupos Xiitas que
ocupam o governo de Saddam através do partido Baath, os Sunitas,
grupo de pressão com relativo poder no governo, sendo esses
declaradamente seus maiores opositores e ameaçadores da
continuidade, e uma minoria curda sempre massacrada pelo governo.
Essa situação de desequilíbrio interno do país era administrada
com mão forte pelo ditador Saddam Hussein que, apesar do sofrimento
que impunha a população, ou até em detrimento a ele, conseguia
manter um mínimo de unidade nacional ou, pelo menos, oprimia e
sufocava toda a tentativa de insurgência ou de desestabilização do
seu poder.
Entretanto,
o objetivo do Líder Ditador iam muito além de manter o seu país
sem conflitos internos e a sua manutenção no poder. Algumas fontes
afirmam e, o próprio governo mostrava-se interessado em criar a
Grande Arábia, região ou país que supostamente viveria sob a
liderança ou o governo direto de Saddam Hussein e seguiria seus
objetivos expansionistas para o total ou majoritário controle das
impensáveis reservas de petróleo mundial.
Ora,
o petróleo já havia se tornado a maior matriz energética mundial e
condição fundamental para a continuidade do desenvolvimento
econômico do Ocidente, fato esse que evidenciava que o Ocidente não
assistiria impassíveis as conquistas do seu antigo aliado na região.
Mas Saddam Hussein não conseguiu fazer essa leitura do cenário que
ele mesmo estava criando na região. Baseado no apoio americano
anterior na sua guerra contra o Irã, ele pensava que este aliado se
manteria neutro nos acontecimentos ou que novamente o apoiaria nesta
nova empreitada.
É
fato que o Irã sempre foi um contrapositor da política americana e
durante o período da Guerra Fria, foi apoiado econômica e
militarmente pela URSS. Esse por si só já era motivo suficiente
para fazer dos EUA inimigos naturais. Aliado a isso o fato de o Irã
fazer parte da região considerada o coração energético do mundo
e, por ser um dos quatro países que detinham as maiores reservas de
petróleo do mundo, certamente o Ocidente não assistiria seus
fornecedores originais de óleo manipularem monopolicamente essas
reservas. Por isso então se justifica o apoio ao Iraque contra o Irã
na sua guerra de 1980 – 1988.
Durante
o período da guerra entre esses dois países o Iraque recebeu dos
americanos apoio bélico e econômico o que possibilitou a compra de
armas e de tecnologia suficiente para fazer deles a maior potência
bélica da região e os EUA também sabiam disso. Entretanto, o país
não intentava mais da região do que garantir o fornecimento da sua
matriz energética mais importante e, portanto, garantir seu
desenvolvimento econômico além de evitar que um único Estado
detivesse maioria ou hegemonia no controle das fontes de produção
do Ouro negro. Assim sendo, os objetivos militares de Saddam Hussein
ameaçavam os planos pós Guerra Fria dos EUA para a região.
Como
visto, o principal produto do país é o petróleo do qual sua
economia é umbilicalmente dependente, além da produção da tâmara.
Exatamente pelo fato de o país possuir grandes reservas do petróleo
o país passou a ser estrategicamente importante para o mundo e razão
de boa parte dos seus problemas.
(Após
o massacre dos judeus por Hitler, um Estado Judeu foi criado na
região, a saber, Israel, e isso ocasionou ainda mais instabilidade
na região).
Saddam
Hussein, seu presidente desde o golpe de 79 acumulou também a
posição de Primeiro Ministro pela maior parte do seu governo que se
estendeu até 2003 quando foi retirado do poder e passou por um
julgamento que o condenou a morte por enforcamento. O seu governo foi
marcadamente autoritário e composto basicamente pela minoria sunita.
Saddam conseguiu se manter no poder por estratégias militares e mão
forte. Esmagou grupos menores que queriam derrubá-lo do poder e foi
beneficiado com o aumento rápido da economia. Esse aumento foi
possível em detrimento, dentre outras coisas, a nacionalização do
petróleo e das indústrias do setor. No cenário internacional
Saddam Hussein conseguiu chegar ao poder graças ao apoio do ocidente
destacando-se os EUA que tinham interesse direto na região devido ao
seu alto potencial de produção do petróleo. Num cenário de guerra
fria onde o mundo estava divido bipolarmente, o apoio dos EUA ao
Iraque na sua guerra contra o Irã determinou a vitória a esse país.
O
interesse dos EUA, além do óleo, estava também na destruição de
mais um foco de expansão do comu8nismo e de sua zona de influência
no Oriente Médio. Essa vitória ampliou os planos do ditador que a
partir de então decide invadir o Kwait para anexá-lo. O calcanhar
de Aquiles da situação foi o fato de a invasão ao Kwait ser
motivada por uma suposta venda sub valorizada do petróleo o que para
Saddam prejudicava os negócios do seu país. Após consulta aos
antigos aliados e, dada sua esponta denotando indiferença com os
destinos daquele país, Saddam acredita mais ainda que pode invadir o
Kwait sem maiores consequências. Ele invade o Kwait e em pouco tempo
devasta o país e o toma. Além disso, com ambições continentais,
Saddam intenta invadir a Arábia Saudita e posiciona seus mísseis
voltados a aquele país. Se fosse levado a cabo o seu plano, Saddam
montaria uma grande Arábia sob seu comando, que seria detentora da
maior reserva de petróleo do mundo e o poder que isso lhe
possibilitaria, poderia gerar consequências futuras inestimáveis.
Entretanto,
o Ocidente tinha interesse em manter o petróleo a preços mais
baixos dada a sua dependência deste e, ainda não esqueceu os
efeitos do choque do petróleo de 1973 e suas consequências nas
economias mundiais além dos efeitos perenes no aumento no ´preço
do barril de petróleo até hoje. Por isso o s EUA não mantiveram
seu poio ao Iraque nesta “guerra de conquista”, ao contrário,
montou uma coalizão de apoio ao Kwait e retomou o país devastado
devolvendo-o ao seu povo. Saddam então assina sua rendição e o
Iraque é obrigado a, além de renunciar o Kwait, pagar por todos os
custos da guerra e indenizar o país vizinho bem como os demais
envolvidos na guerra sob o argumento de ser o responsável pelos
prejuízos adquiridos por ela e os impactos que isso causou em suas
economias. Isso porém causa um desastre na economia iraquiana que
não consegue mais se reestabelecer durante longos anos. A população
mais uma vez é a maior prejudicada pelos planos de Saddam e arca com
a pior parte de sua derrota no dia a dia.
Após
isso, os EUA criam uma série de ferramentas na região para garantir
que nenhum outro governante daquela região intente o mesmo, o
controle total ou majoritário da região e de suas reservas
infindáveis de petróleo o que pode significar a subida no preço do
já tão necessário óleo. É entretanto, limitado falar dessa
invasão considerando apenas o petróleo como único fator que
motivou a invasão. Sabe-se que outros fatores estão envolvidos
embora seja arriscado delimitar com segurança quais seriam eles.
Especulações dão conta de que além dos interesse do governo
americano nas reservas de petróleo da região, as grandes companhias
petrolíferas têm interesse tanto em atuar naquele país quanto em
manter os preços competitivos. Especula-se também que a indústria
bélica americana estava carente de novos mercados e de consumidores
para os seus produtos e só mesmo uma guerra conseguiria.
Além
disso, no campo político não é interessante para os EUA perderem
seu posto de única superpotência mundial alcançado desde o final
da Guerra Fria e a dissolução do bloco soviético. Logo, seria
facilmente presumível que a “patrulha Global” não assistiria
impassível a formação de uma nova potência detentora de tantas
reservas de petróleo a ponto de transformá-la numa potência igual
ou superior aos EUA. Entretanto, apenas o interesse do governo
americano e o das empresas privadas não eram motivos, ou não
produziam argumentos suficientemente plausíveis para justificar uma
invasão muito menos convenceria cabalmente a opinião pública
americana fazendo-os apoiarem e financiarem esta invasão. Algumas
manobras então começam a ser feitas pelo governo no sentido de
convencer a opinião pública americana e também mundial. Vejamos: