terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

O contexto da Invasão do Iraque e sua influência na configuração atual do Oriente - Histórico (Em construção...)


O Iraque é um país situado no Oriente Médio, na antiga Mesopotâmia, que desde sua mais remota existência foi motivo de disputas e invasões dada sua privilegiada condição geográfica. Situado entre os rios Tigre e Eufrates, dispunha de terras muito férteis e, portanto alvo de desejo dos povos antigos. Essa condição fez com que o país se acostumasse e se mantivesse sempre em alerta para os possíveis ataques e invasões que eram bastante comuns. Sua população é composta por persas e sumérios e a partir do século 16 o Império Otomano domina a região até a primeira guerra mundial.
Dito isto, vamos situar as observações na segunda metade do século XX, o Iraque conseguiu estabelecer sua república de regime parlamentarista em 1958 após a segunda guerra mundial e esta se manteve até o golpe militar de 1979. O país se tornou o resultado da fragmentação do império otomano e por isso a população era fragmentada e praticava diferentes religiões e costumes, predominantemente árabe e curdo. A população iraquiana, posteriormente, vive uma realidade dividida entre grupos Xiitas que ocupam o governo de Saddam através do partido Baath, os Sunitas, grupo de pressão com relativo poder no governo, sendo esses declaradamente seus maiores opositores e ameaçadores da continuidade, e uma minoria curda sempre massacrada pelo governo. Essa situação de desequilíbrio interno do país era administrada com mão forte pelo ditador Saddam Hussein que, apesar do sofrimento que impunha a população, ou até em detrimento a ele, conseguia manter um mínimo de unidade nacional ou, pelo menos, oprimia e sufocava toda a tentativa de insurgência ou de desestabilização do seu poder.
Entretanto, o objetivo do Líder Ditador iam muito além de manter o seu país sem conflitos internos e a sua manutenção no poder. Algumas fontes afirmam e, o próprio governo mostrava-se interessado em criar a Grande Arábia, região ou país que supostamente viveria sob a liderança ou o governo direto de Saddam Hussein e seguiria seus objetivos expansionistas para o total ou majoritário controle das impensáveis reservas de petróleo mundial.
Ora, o petróleo já havia se tornado a maior matriz energética mundial e condição fundamental para a continuidade do desenvolvimento econômico do Ocidente, fato esse que evidenciava que o Ocidente não assistiria impassíveis as conquistas do seu antigo aliado na região. Mas Saddam Hussein não conseguiu fazer essa leitura do cenário que ele mesmo estava criando na região. Baseado no apoio americano anterior na sua guerra contra o Irã, ele pensava que este aliado se manteria neutro nos acontecimentos ou que novamente o apoiaria nesta nova empreitada.
É fato que o Irã sempre foi um contrapositor da política americana e durante o período da Guerra Fria, foi apoiado econômica e militarmente pela URSS. Esse por si só já era motivo suficiente para fazer dos EUA inimigos naturais. Aliado a isso o fato de o Irã fazer parte da região considerada o coração energético do mundo e, por ser um dos quatro países que detinham as maiores reservas de petróleo do mundo, certamente o Ocidente não assistiria seus fornecedores originais de óleo manipularem monopolicamente essas reservas. Por isso então se justifica o apoio ao Iraque contra o Irã na sua guerra de 1980 – 1988.
Durante o período da guerra entre esses dois países o Iraque recebeu dos americanos apoio bélico e econômico o que possibilitou a compra de armas e de tecnologia suficiente para fazer deles a maior potência bélica da região e os EUA também sabiam disso. Entretanto, o país não intentava mais da região do que garantir o fornecimento da sua matriz energética mais importante e, portanto, garantir seu desenvolvimento econômico além de evitar que um único Estado detivesse maioria ou hegemonia no controle das fontes de produção do Ouro negro. Assim sendo, os objetivos militares de Saddam Hussein ameaçavam os planos pós Guerra Fria dos EUA para a região.
Como visto, o principal produto do país é o petróleo do qual sua economia é umbilicalmente dependente, além da produção da tâmara. Exatamente pelo fato de o país possuir grandes reservas do petróleo o país passou a ser estrategicamente importante para o mundo e razão de boa parte dos seus problemas.
(Após o massacre dos judeus por Hitler, um Estado Judeu foi criado na região, a saber, Israel, e isso ocasionou ainda mais instabilidade na região).
Saddam Hussein, seu presidente desde o golpe de 79 acumulou também a posição de Primeiro Ministro pela maior parte do seu governo que se estendeu até 2003 quando foi retirado do poder e passou por um julgamento que o condenou a morte por enforcamento. O seu governo foi marcadamente autoritário e composto basicamente pela minoria sunita. Saddam conseguiu se manter no poder por estratégias militares e mão forte. Esmagou grupos menores que queriam derrubá-lo do poder e foi beneficiado com o aumento rápido da economia. Esse aumento foi possível em detrimento, dentre outras coisas, a nacionalização do petróleo e das indústrias do setor. No cenário internacional Saddam Hussein conseguiu chegar ao poder graças ao apoio do ocidente destacando-se os EUA que tinham interesse direto na região devido ao seu alto potencial de produção do petróleo. Num cenário de guerra fria onde o mundo estava divido bipolarmente, o apoio dos EUA ao Iraque na sua guerra contra o Irã determinou a vitória a esse país.
O interesse dos EUA, além do óleo, estava também na destruição de mais um foco de expansão do comu8nismo e de sua zona de influência no Oriente Médio. Essa vitória ampliou os planos do ditador que a partir de então decide invadir o Kwait para anexá-lo. O calcanhar de Aquiles da situação foi o fato de a invasão ao Kwait ser motivada por uma suposta venda sub valorizada do petróleo o que para Saddam prejudicava os negócios do seu país. Após consulta aos antigos aliados e, dada sua esponta denotando indiferença com os destinos daquele país, Saddam acredita mais ainda que pode invadir o Kwait sem maiores consequências. Ele invade o Kwait e em pouco tempo devasta o país e o toma. Além disso, com ambições continentais, Saddam intenta invadir a Arábia Saudita e posiciona seus mísseis voltados a aquele país. Se fosse levado a cabo o seu plano, Saddam montaria uma grande Arábia sob seu comando, que seria detentora da maior reserva de petróleo do mundo e o poder que isso lhe possibilitaria, poderia gerar consequências futuras inestimáveis.
Entretanto, o Ocidente tinha interesse em manter o petróleo a preços mais baixos dada a sua dependência deste e, ainda não esqueceu os efeitos do choque do petróleo de 1973 e suas consequências nas economias mundiais além dos efeitos perenes no aumento no ´preço do barril de petróleo até hoje. Por isso o s EUA não mantiveram seu poio ao Iraque nesta “guerra de conquista”, ao contrário, montou uma coalizão de apoio ao Kwait e retomou o país devastado devolvendo-o ao seu povo. Saddam então assina sua rendição e o Iraque é obrigado a, além de renunciar o Kwait, pagar por todos os custos da guerra e indenizar o país vizinho bem como os demais envolvidos na guerra sob o argumento de ser o responsável pelos prejuízos adquiridos por ela e os impactos que isso causou em suas economias. Isso porém causa um desastre na economia iraquiana que não consegue mais se reestabelecer durante longos anos. A população mais uma vez é a maior prejudicada pelos planos de Saddam e arca com a pior parte de sua derrota no dia a dia.
Após isso, os EUA criam uma série de ferramentas na região para garantir que nenhum outro governante daquela região intente o mesmo, o controle total ou majoritário da região e de suas reservas infindáveis de petróleo o que pode significar a subida no preço do já tão necessário óleo. É entretanto, limitado falar dessa invasão considerando apenas o petróleo como único fator que motivou a invasão. Sabe-se que outros fatores estão envolvidos embora seja arriscado delimitar com segurança quais seriam eles. Especulações dão conta de que além dos interesse do governo americano nas reservas de petróleo da região, as grandes companhias petrolíferas têm interesse tanto em atuar naquele país quanto em manter os preços competitivos. Especula-se também que a indústria bélica americana estava carente de novos mercados e de consumidores para os seus produtos e só mesmo uma guerra conseguiria.

Além disso, no campo político não é interessante para os EUA perderem seu posto de única superpotência mundial alcançado desde o final da Guerra Fria e a dissolução do bloco soviético. Logo, seria facilmente presumível que a “patrulha Global” não assistiria impassível a formação de uma nova potência detentora de tantas reservas de petróleo a ponto de transformá-la numa potência igual ou superior aos EUA. Entretanto, apenas o interesse do governo americano e o das empresas privadas não eram motivos, ou não produziam argumentos suficientemente plausíveis para justificar uma invasão muito menos convenceria cabalmente a opinião pública americana fazendo-os apoiarem e financiarem esta invasão. Algumas manobras então começam a ser feitas pelo governo no sentido de convencer a opinião pública americana e também mundial. Vejamos: