quinta-feira, 2 de julho de 2015

Ameaça ao protagonismo global dos EUA.



A pressão atual do ocidente contra a Rússia mostra mais uma face do imperialismo norte americano. Os apregoadores da democracia e autointitulados seus maiores defensores continuam sua histórica negligencia à soberania dos Estados e da auto afirmação dos povos. Sanções das mais pesadas estão sendo impostas a Putin pelos americanos e seus aliados.
Após a anexação da Criméia, os EUA iniciaram uma série de retaliações ao Kremlin no campo da economia seguidas por outras potências. A economia russa de fato tem sentido bastante os efeitos dessas sanções, mas o governo mantem sua política independente e soberana. Independente das razões de ambas as partes o não curvamento de Vladmir Putin aos ditames americanos evidencia ainda mais o enfraquecimento americano no seu papel de superpotência global e imperial. Entretanto, é digno de nota que, a Rússia também compõe o fechadíssimo Conselho de Segurança da ONU de maneira permanente e com poder de veto. Além disso, o fato de os russos também serem uma potencia nuclear compõe este cenário extremamente complexo.
Poucas são as chances da Ucrânia fazer frente ao poderio militar e político da Rússia especialmente sem o apoio do Ocidente. Aliado a isso tem o fato de que a população da Criméia, visando uma condição econômica mais favorecida do que viviam sob o jugo da Ucrânia, além é claro de fatores culturais, se proclamou também russa através de referendo realizado após a anexação.
Um paralelo se faz mandatório aqui, pois, se olharmos para o aliado americano Reino Unido, um dos argumentos utilizados por eles para justificarem a manutenção do poder das Ilhas Malvinas (ou Falkland Islands) é exatamente um plebiscito realizado entre os moradores da ilha que votaram por continuarem sob o domínio inglês. Ora, os moradores atuais de lá foram colocado propositadamente pelo Reino Unido numa época que pouco se dava atenção a ilha. O fato novo é que foi descoberta uma grande reserva de petróleo o que aumentou e muito o interesse por ela. Nesse caso a autoafirmação dos povos é imposta como argumento para justificar a ocupação, porém no caso dos russos o mesmo critério não se faz aplicável.
O contexto atual é de tensão entre os dois países mas dificilmente se acredita que eles entrarão no conflito armado por algumas razões específicas.
Os Estados Unidos se vêem agora na cruzada e ameaça de a China se tornar seu maior inimigo e potencial sucessor no protagonismo da balança de poder do cenário internacional. Isso é inclusive um dos motivos pelos quais eles almejam reduzir drasticamente sua atuação no Oriente Médio, primeiro pelo fato de o petróleo deles estar aos poucos sendo substituído pelo Xistos que ainda não pode substituir definitivamente primeiro pela capacidade de produção e segundo pelo custo de produção de cada barril.
Movimento contrário para evitar essa evasão americana da região e para manter a dependência do mundo ao petróleo faz a Arábia Saudita que, detendo grande parte da produção de petróleo mundial, começa a manipular seu preço inundando o mercado com o produto, forçando então a diminuição do seu valor de comercialização. Com isso o custo e comercialização do petróleo cai vertiginosamente ao patamar atual de USD 50,00/barril em detrimento aos anteriores USD 110,00. O Xisto se torna então uma alternativa mais cara de matriz energética o que obriga os EUA a manter sua participação no Oriente e o consumo do petróleo de lá.
Estrategicamente a Arábia Saudita não quer que seu maior cliente deixe de ser seu parceiro também por razões politicas e militares. Sabe-se que o EI tem como objetivo ultimo do seu califado também chegar ao reino do Abdullah e se apoderar das suas infindáveis reservas petrolíferas.
A situação fica cada dia mais complicada para os americanos com várias frentes para atuar. No contexto atual eles estão comprometidos em várias frentes e isso pode se mostrar perigoso em ultima analise, pois insatisfações são observadas em várias frentes. Primeiro a latente ameaça chinesa à sua hegemonia histórica e também o fortalecimento econômico que eles chegaram. As brigas com a Rússia que já mostrou que não pretende voltar atrás e nem ceder nada dos seus planos nacionais e soberanos. A ameaça do terrorismo protagonizado principalmente pelo EI desafiando dia a dia o ocidente com seus atos de barbárie. Na América Latina a insatisfação bolivariana contra as políticas norte americanas para o hemisfério. Por ultimo a divulgação agora da espionagem americana contra sua parceira e sempre aliada França.
Nesse contexto os próprios aliados começam a temer se manter do seu lado. Embora os EUA são a maior potencia bélica mundial, o povo americano também não apoia mais as incursões militares do governo sem uma causa justificável dada sua catastrófica experiência com o governo Bush e os efeitos econômicos que isso trouxe.

Por fim, num cenário de crise mundial uma terceira guerra mundial poderia ser o anuncio do apocalipse com cada vez mais nações de posse de arsenal nuclear e milícias cada vez mais fortemente armadas quiçá até nuclearmente. É preciso repensar o respeito à soberania e especialmente a relação de parceria e o respeito às alianças para não enfraquece-las o que transferiria automaticamente a força para o outro lado ou os outros. O caos espreita a porta.


Fontes:

OPERA, Mundi. Rússia está praticamente em guerra com os países da EU, diz presidente da Lituânia. Disponível em http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/37663/russia+esta+praticamente+em+guerra+com+uniao+europeia+diz+presidente+da+lituania.shtml. Acesso em 20/06/2015.
OPERA Mundi. Rússia diz que prorrogação das sanções da União Europeia é chantagem inútil. Disponível em: http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/40763/russia+diz+que+prorrogacao+das+sancoes+da+uniao+europeia+e+chantagem+inutil.shtml. Acesso em 19/06/2015.
ASSIS, J. Carlos de. A estratégia dos EUA para guerra contra a Rússia na Ucrãnia. Disponível em http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/A-estrategia-dos-EUA-para-a-guerra-contra-a-Russia-na-Ucrania/4/32522. Acesso em 15/06/2015.
PLON, Leneide Duarte. Embaixada americana de Paris, centro da espionagem. Disponível em http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/Embaixada-americana-de-Paris-centro-da-espionagem/6/33838. Acesso em 23/06/2015.
GUITON, Amaelle, LECHENET, Alexandre, MANACH, Jean-Marc, ASSANGE, Julian. Wikileaks – Chirac, Sarkozy e Hollande: três presidentes sob escuta. Disponivel em http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/WikiLeaks-Chirac-Sarkozy-e-Hollande-tres-presidentes-sob-escuta/6/33831. Acesso em